segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Reflexão a respeito da Semana de Arte de 22. 86 anos depois...

Meus caros amigos,
a exatos 86 anos, no dia 11 de fevereiro de 1922, iniciava-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna. Essa semana representou uma verdadeira renovação da linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora e na ruptura com o passado. O evento marcou época ao apresentar novas idéias e conceitos artísticos. A nova poesia através da declamação. A nova música por meio de concertos. A nova arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura. O adjetivo "novo", marcando todas estas manifestações, propunha algo a ser recebido com curiosidade ou interesse.
É fato que a semana não foi muito bem recebida na época e, de certa forma, até foi ignorada. Porém também é fato que tanto tempo depois, aquela semana ainda influencia profundamente a nossa sociedade e transformou para sempre nossa cultura. A semana de arte de 22, liderada por nomes como Anita Malfati, Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos, se encaixa no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela política do café-com-leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionalistas.
E foi exatamente essa dependência artística européia que foi combatida pelos modernistas, que defendiam uma maior exaltação da rica cultura tupiniquim, mas sem perder contato com as novidades do velho mundo. O manifesto antropofágico de Oswald de Andrade em que o autor afirma que não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não deve ser imitada, é o principal marco do nosso modernismo, mas parece que isso ainda não foi muito bem entedido pelos brasileiros até hoje.
O que mais se vê em nossas rádios e televisões é um desfile de cultura ianque que nada tem a acrescentar na formação dos novos cidadãos brasileiros. É um tal de Akon pra cá, Britney pra lá... Outro dia desses, minha prima de nove anos cantava (ao menos tentava) uma música de hip-hop norte americano sem nem imaginar que nos versos ela diz: 'eu quero te fuder... você já sabe disso' e por aí vai. Não há a mínima identificação com a nossa cultura. Sem chegar no mérito de que a música é de uma qualidade contestável.
Pois bem, todo esse rodeio foi para refletirmos sobre como estamos tratando a cultura do nosso país e como a estamos deixando em segundo plano. O fato é que precisamos mudar essa realidade. Nem que pra se isso tenhamos que realizar um mês inteiro de Arte Moderna.

Um comentário:

Unknown disse...

infelizmente a populaçao é assim, é muito mais fácil aceitar, deixa como está do que criar, por isso pessosa como eu e voce fazemos a diferença, acho que as outras pessoas tem medo do que desconhecem, e tudo isso tende a piorar, porque afinal, daí veio o preconceito.

Adorei a matéria Pagodeiro!