quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O temporal, a mochila impermeável e o pagodeiro.

Tinha tudo para ser mais uma volta pra casa depois de um dia estressante na busca pelo conhecimento. Mas não foi.
Por volta das 15:30 saí da aula de inglês na 310 norte e fui até o ponto de ônibus mais próximo na w3. Como de costume, o ônibus demorou cerca de 40 minutos e junto com ele uma chuva torrencial veio ao meu encontro. Entrei no dito cujo. Não tomei um pingo de chuva por sorte e fui seco pra casa. Ao entrar na península do Lago Norte, percebi os pingos ficarem maiores e mais fortes e que nuvens soturnas se formavam sobre nossas cabeças. Nessa hora pensei comigo mesmo: Fudeu!
Como ilustração da história, é interessante ressaltar que o caminho do ponto de ônibus até a minha casa é uma bela caminha de uns dez minutos. Tranquilo quando se tem um clima aprazível no ar. Não era o caso. A chuva era muito intensa e os pingos eram daqueles que chegam a machucar de tão fortes. Pensei em esperar alguns minutos e ver se São Pedro desse uma trégua, mas a pressa me fez olvidar da chuva e partir de mochila e tudo.
Não demorou um minuto pra que eu me arrependesse da decisão, mas agora era tarde demais e resolvi testar a suposta ipermeabilidade da minha mochila e a resistência dos fones do aparelho de mp3.
Eu antigamente corria nessas situações, mas eu vi na tevê que tanto faz correr ou andar na chuvar, portanto segui meu caminho com passos de tartaruga, causando estranheza nos poucos transeuntes que se arriscavam a caminhar de guarda-chuva naquele temporal...
Pois bem, já na metade do caminho, quando eu tinha água nos lugares mais bizarros do corpo e já havia me convencido que uma gripe era inevitável, resolvi aproveitar aquele momento que eu nunca tinha vivido antes. Levantei o tronco, estufei o peito, ajeitei a mochila e fui cantando 'dancing queen' do ABBA em um momento de pura irreverência e descontração.
Eu já havia ouvido que tomar banho de chuva é bom, mas eu posso garantir que fazer o mesmo ouvindo ABBA no volume máximo, de calça jeans, com uma mochila pesada e dançando feito um pinguim é muito melhor!

Atchin!

ps: e a mochila não era tão impermeável assim... :(

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Fidel: mártir ou vilão?

Com a renúncia do déspota cubano Fidel Castro muitas são as opiniões que afloram a respeito da maior lenda viva do socialismo em todo o mundo. Considerado um verdadeiro herói por alguns, o ditador cubano é tratado por muitos como um vilão que comanda com mãos de ferro um país atrasado e que vem impedindo que os cubanos se deliciem com as maravilhas da democracia.
Por mais que eu tente ser imparcial nesse momento, não posso esconder minha admiração por Fidel. A história do guerrilheiro que lutou contra o imperialismo norte-americano e que conseguiu se manter no poder por meio século é digna de um importante capítulo da história mundial. É claro que não é correto vedar os olhos para as barbaridades cometidos pela sua ditadura [ditadura sim. é sempre bom lembrar disso] e nem tampouco achar bonito a completa falta de liberdade de expressão na ilha caribenha, porém outros fatores devem ser postos na balança. Vejamos...
Cuba possui um sistema educacional e de saúde que funciona para todos. E que é considerado exemplo mundial. Se comparada com a brasileira, a desigualdade social de lá também é bem menor. E os avanços sociais são infitamentes maiores que os nossos. Acho que nem é necessário comentar sobre o apoio ao esporte cubano dado pelo governo de Fidel...
Como todo governo, o de Fidel Castro tem suas qualidades e defeitos, e por se tratar de uma ditadura deve ser tratado com todo o cuidado para não olvidarmos de valores morais e éticos importantes. E por mais que eu não seja um admirador da democracia devo adimitir que é o melhor sistema político já posto em prática. O que não se pode aceitar é que agora com a saída de Fidel, Cuba seja forçada a seguir a cartilha republicana dos EUA, pois se é para ter uma democracia às avessas que só prestigia as elites como a que temos aqui no Brasil, é melhor que Cuba siga com seus métodos pouco moderninhos e garanta o minímo de dignidade para o seu povo.
Ao Comandante Fidel, um caloroso Hasta la Vitoria, siempre!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Reflexão a respeito da Semana de Arte de 22. 86 anos depois...

Meus caros amigos,
a exatos 86 anos, no dia 11 de fevereiro de 1922, iniciava-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna. Essa semana representou uma verdadeira renovação da linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora e na ruptura com o passado. O evento marcou época ao apresentar novas idéias e conceitos artísticos. A nova poesia através da declamação. A nova música por meio de concertos. A nova arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura. O adjetivo "novo", marcando todas estas manifestações, propunha algo a ser recebido com curiosidade ou interesse.
É fato que a semana não foi muito bem recebida na época e, de certa forma, até foi ignorada. Porém também é fato que tanto tempo depois, aquela semana ainda influencia profundamente a nossa sociedade e transformou para sempre nossa cultura. A semana de arte de 22, liderada por nomes como Anita Malfati, Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos, se encaixa no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela política do café-com-leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionalistas.
E foi exatamente essa dependência artística européia que foi combatida pelos modernistas, que defendiam uma maior exaltação da rica cultura tupiniquim, mas sem perder contato com as novidades do velho mundo. O manifesto antropofágico de Oswald de Andrade em que o autor afirma que não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não deve ser imitada, é o principal marco do nosso modernismo, mas parece que isso ainda não foi muito bem entedido pelos brasileiros até hoje.
O que mais se vê em nossas rádios e televisões é um desfile de cultura ianque que nada tem a acrescentar na formação dos novos cidadãos brasileiros. É um tal de Akon pra cá, Britney pra lá... Outro dia desses, minha prima de nove anos cantava (ao menos tentava) uma música de hip-hop norte americano sem nem imaginar que nos versos ela diz: 'eu quero te fuder... você já sabe disso' e por aí vai. Não há a mínima identificação com a nossa cultura. Sem chegar no mérito de que a música é de uma qualidade contestável.
Pois bem, todo esse rodeio foi para refletirmos sobre como estamos tratando a cultura do nosso país e como a estamos deixando em segundo plano. O fato é que precisamos mudar essa realidade. Nem que pra se isso tenhamos que realizar um mês inteiro de Arte Moderna.